domingo, 21 de outubro de 2007

O Tamanho do Pênis


"O Pénis – Da Masculinidade ao Órgão Masculino, de Nuno Monteiro Pereira, médico, consultor de Urologia, mestre em Sexologia, doutor em Cirurgia-Urologia, professor na Universidade Lusófona, e o responsável da consulta de Andrologia do Hospital Júlio de Matos"
"Quem é o homem que recorre ao médico com mais frequência? Curiosamente, são aqueles que possuem um pénis normal. Mas que julgam que o respectivo órgão sexual é deveras pequeno.
Nesses casos, uma intervenção cirúrgica seria um erro?
Para um homem que tem um pénis normal, mas que está convencido do contrário, não existe nada que se possa fazer para contrariar essa ideia, que não corresponde à realidade. Este é o tipo de doente que é perigoso, porque nunca ficará satisfeito.
Existem razões?
A causa pode ser irrealismo: geralmente, os homens não sabem o tamanho dos pénis uns dos outros, e os que vêem são baseados em factos que não são verdadeiros. Refiro-me, por exemplo, aos filmes pornográficos. Não há nenhum actor pornográfico que tenha o pénis normal! E esta situação pode criar o mito de que aquele pénis que o homem está a ver na televisão é normal, mas, na verdade, não é.
O micropénis fulmina a vida sexual, e aquele cujo tamanho está acima da média traduz felicidade?
Não, porque um megapénis não funciona bem, porque toda a dinâmica depende das pressões arteriais e da circulação sanguínea. Sendo demasiado grande, não há compressão arterial que seja capaz de o encher.
A medicina dá alternativas?
Sim. Eu faço operações em que tenho que diminuir o volume. Os resultados são bons, as pessoas ficam satisfeitas.
As mulheres têm influência na ida do homem ao médico?
Total. Quem convence os homens são as mulheres, e inclusive são elas que marcam as consultas. Talvez agora existam menos casos destes, mas indubitavelmente, a intervenção feminina é decisiva, porque é a mulher que disciplina o homem.
A auto-estima masculina depende da empatia com o pénis?
Sim. O pénis está muito enraizado na nossa cultura. Tem grande importância, porque na cabeça das pessoas simboliza virilidade, e se não for suficientemente grande e apto, a varonia fica inapta. Também não deixa de ser curioso: os grandes cultores da dimensão peniana são os homossexuais! À população, que, culturalmente, é posta em dúvida o vigor sexual – o que está errado do ponto de vista científico – tem muitíssimas mais preocupações em relação ao tamanho do pénis do que acontece num heterossexual.
Os homens nunca estão satisfeitos?
Teoricamente, não.
É correcto que a idade altera a dimensão?
Nem sempre o pénis tem tendência a diminuir. Pode-se pensar que a idade provoca atrofia, mas tal não é verdade. Isso só surge se houver doença peniana. Num homem saudável, até tende a aumentar.
Consumir substâncias estimulantes, ecstasy, red bull, provoca alterações?
No tamanho e na erecção, não. Mas traz perturbações a nível do desejo sexual.
Concorda que o apetite sexual masculino e feminino estão longe de serem semelhantes?
Sim! O desejo masculino não é muito difícil de interpretar. É básico, no sentido de que é mais fisiológico. O desejo feminino é muito complexo. Depende do envolvimento, dos sentimentos.
O homem é súbdito do órgão sexual? Embora seja ‘escravo’ do pénis, não está tanto como estão outros animais. O homem pode ter uma erecção quando não pretende, e na altura em que quer não consegue. A partir do momento em que existem erecções penianas, o pénis, que é possível ser controlado, não é totalmente controlável.
Ainda há marialvas?
Estão em via de desaparecimento. A ascensão da influência feminina é a responsável. O marialvismo está ligado à sexualidade, e a partir do momento em que a mulher passou a ter domínio na sociedade ocidental, provocou uma diminuição. Inclusivamente, digo que a libertação da sexualidade feminina causou uma hipotrofia da sexualidade masculina.
Parece-lhe que metrossexualidade é confundida com homossexualidade?
Há essa ideia, mas está, de todo, errada. Um metrossexual não é um homossexual. Um homem que se preocupa com a sua imagem, que usa cremes, não quer dizer que sinta atracção pelo mesmo sexo.
A mentalidade mudou?
Bastante! Por exemplo, as perfumarias já não têm só uma prateleira com produtos masculinos. Há quinze anos as coisas não eram assim. Lembro-me que os homens que tratavam das unhas faziam-no na clandestinidade. Além de tudo, um homem que se perfumava era mal visto, tanto pelos homens, como pelas mulheres.
Como vê a evolução?
É precisamente no futuro que reside o problema. Julgo que não será uma evolução rápida mas pode acontecer que ocorra uma tendência oposta e que nasça, futuramente, um certo machismo que nos dias que correm está, claramente, em desuso. A sua tese de mestrado foi sobre a importância da morfologia do pénis. A tese de doutoramento recaiu sobre a dimensão peniana.
Existe alguma razão específica para a centralização nesta problemática?
Como sabe, sou doutorado em Urologia. Faço consultas neste ramo da Medicina já lá vão mais de duas décadas. O pénis está relacionado com a sexualidade humana. Fazendo uso de algum humor, ainda lhe posso dizer que o pénis é o meu dia-a-dia!
Quer dar alguma sugestão?
Todo o indivíduo que tenha dúvidas, deve consultar de imediato um urologista."

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