sábado, 11 de julho de 2009

DISFUNÇÃO SEXUAL DA MULHER NA MENOPAUSA

A longevidade é um aspecto novo na vida das mulheres do nosso século. Hoje em dia vivenciamos uma sociedade onde as mulheres, por conta de vários avanços sociais, tecnológicos e no campo da medicina, alcançam à maturidade numa desenfreada corrida ao resgate da juventude. Constroem uma plástica estético-corporal e um estilo de vida social sempre muito comprometido com o sentimento de “se parecer jovem”, o que muitas das vezes não corresponde ao sentimento de “se estar saudável”.

O período biológico do envelhecimento da mulher vem sendo constantemente ludibriado com todos esses avanços do séc. XXI, mesmo assim, muitas mulheres, ainda nos procuram com queixas referentes a esse momento de suas vidas, que estão marcados pela perda de algumas funções no campo da sexualidade.

A menopausa é o período de modificações anatômicas e fisiológicas decorrentes da falência ovariana. À medida que os anos passam, ocorrem alterações orgânicas no corpo da mulher, pois o ovário produz menos hormônios femininos e masculinos. Assim ocorre a cessação das regras e o inicio dos “fogachos” (as ondas de calor), muitas mulheres também se queixam de dores de cabeça, insônia, depressão, agressividade, intolerância, tontura, palpitações, fadiga excessiva, perda da agilidade, flacidez muscular, secura vaginal, infecções urinárias freqüentes, desinteresse sexual (falta de desejo sexual), dificuldade de atingir o orgasmo, falta de fantasias sexuais (cada vez mais pensam menos em uma atividade sexual), dor e ardência nas relações sexuais.

Na maioria das vezes, o ambiente social reforça cada vez mais a idéia de que já é ora de abandonar a vaidade, de reprimir os desejos e de dar por encerrada a vida sexual. A conseqüência para muitas mulheres é a sensação de vazio, de perda e de depressão. A família é a grande fomentadora dessa crítica, na maioria dos casos, censurando o desejo sexual e reprimindo uma vida sexual ativa e prazerosa, para essas mulheres.

Ainda convivemos com o clichê sócio-familiar, de que sexo é feio e repugnante para mulheres na menopausa, os que muitas vezes, faz com que se sintam ridículas, indecentes, depravadas, envergonhadas e culpadas.

Todos os estudos e pesquisas sobre a sexualidade humana (Kinsey, Máster e Jonhson) revelam que para as pessoas relativamente saudáveis não existe limite de idade para o exercício da sexualidade. Um aspecto fundamental para uma vivência prazerosa do sexo no avançar da idade é a manutenção da regularidade da vida sexual. Quanto mais se faz sexo, mais se quer fazer sexo.

Um aspecto fundamental para uma vivência prazerosa do sexo no avançar da idade á a manutenção da regularidade da vida sexual. Considera-se abstinência sexual prejudicial à manutenção da tonicidade, da elasticidade, da lubrificação vaginal e do interesse pelo sexo. Além do ato sexual, a vida sexual acentua outros ingredientes como afago, prazer de ser tocado e acariciado, afeto, ternura, intimidade, companheirismo, lealdade etc.

O que se pode fazer para ajudar as mulheres no climatério que se queixam frequentemente de terem conseguido um corpo jovem e conservado, mas que sexualmente funcionam mal? O que podemos oferecer a essas mulheres que hoje têm uma boa qualidade de vida, uma boa performance social, profissional e familiar, mas que pouco a pouco se perdem na escuridão do afastamento do desejo sexual? Certamente as academias, os nutrólogos, os dermatologistas, os fisiatras, os cardiologistas e até mesmo os cirurgiões plásticos não podem oferecer mais do que uma boa plástica estrutural.

O que propor a essas mulheres que estão jovens na aparência física, que usam a grife da moda, mas que estão cada vez mais afastadas de seus parceiros para o exercício da sexualidade prazerosa?

A Terapia Sexual tem papel fundamental na condução de mulheres que se encontram nesse período de suas vidas, onde o “afastamento sexual” é sem dúvida nenhuma, um dos grandes vilões desse complexo período de transformações. A Terapia do Sexo tem como objetivo melhorar a auto-estima da mulher, ressaltando que a menopausa e o envelhecimento são novas fases da vida, que os conhecimentos adquiridos durante a vida são pontos positivos e que ainda há muito para se aprender com essa nova fase. A resignificação da vida sexual da mulher madura, através da Terapia do Sexo possibilita uma nova leitura dos seus potenciais enquanto mulher erótica e experiente. Ampliar seus limites de possibilidades na sua busca além do prazer sexual pode, para essas mulheres, representar uma revitalização da sua vida afetivo-sexual.

Novos estudos no campo da psiconeuroendocrinologia vêm esclarecendo inúmeras questões sobre a possibilidade do uso da TRH (Terapia de Reposição Hormonal) nas “disfunções sexuais da mulher no período do climatério”, através do uso combinado ou não de “estrogênio terapia e androgênio terapia” (estrogênio e testosterona). Os benefícios da Terapia Hormonal sobre a sexualidade feminina são evidentes e atuam melhorando o desejo sexual (a libido), a secura, a irritação, o ardor e a atrofia vaginal, o prurido vulvovaginal, as alterações urogenitais (dor na urina, hábito noturno de urinar, cistites e uretrites de repetição), a dor na relação sexual, sangramento e pressão pélvica pós-coito, em suma, ocorrem inúmeras modificações positivas não só a nível sexual, como também na economia psicoemocional e física da mulher com ganhos efetivos no equilíbrio da emoção, do sono, fortalecimento da massa muscular, os pelos tornam-se mais resistentes e restabelecem seu crescimento, a pele torna-se menos ressecada e cessam-se as ondas de calor e etc.

O estado da menopausa feminina não age uniformemente sobre as mulheres, nem tampouco sobre sua sexualidade. Sabemos que muitas mulheres na faixa dos 50 a 70 anos mantêm sua capacidade sexual ativa e, muitas vezes percebem um aumento do interesse em vivenciar o prazer sexual. Segundo a pesquisadora Helen Kaplan a grande maioria das queixas sexuais das mulheres idosas é um produto das reações psicológicas adversas do casal às mudanças biológicas normais, na resposta sexual, relacionadas com a idade. A pré-concepção de que o envelhecimento biológico que transforma o corpo físico feminino em um corpo “menos atrativo” ou “menos erótico”, faz parte das construções sócio-culturais do nosso meio, que privilegiam o culto à juventude.

Esse processo de contaminação sócio-cultural potencializa as determinantes psicológicas das disfunções sexuais na mulher, incentivando conflitos intrapsíquicos (seria o desejo de satisfazer o sexo e o medo inconsciente de fazê-lo) que se contrapõem ao instinto puro do desejo de prazer sexual.

Acredito que uma abordagem adequada frente a um quadro de disfunção sexual na mulher na pós-menopausa, consistiria em através de suas queixas psicológicas e do ambiente afetivo-sexual, individualizar sua carga emocional e, através da Terapia do Sexo ampliar suas possibilidades para uma nova leitura de uma vida sexual prazerosa.

Momento de Reflexão

“No mistério do amor, quando um procura o outro, por trás do outro ele encontra a si mesmo”.

LIVRO "SEXO E PSIQUE" DE BRETT KAHR

A revista Época dessa semana, traz uma matéria, onde anuncia a chegada do livro de um psicanalísta inglês "Brett Kahr", que durante cinco anos pesquisou nas ruas de Londres sobre "As Fantasias Sexuais". Os dados foram coletados em seu próprio consultório, nas ruas e na internet. O livro que será lançado no Brasil no final de julho com o título "sexo e psique" pela editora Best-Seller traz mil relatos de homens e mulheres sobre suas fantasias sexuais. O que antes parecia "inconfessável" publicamente, no livro encontra como aliado o anonimato, ressaltando relatos de incestos, perversões, ménage à trois, devaneios sexuais que na maioria das vezes ficam sempre protegidos do conhecimento alheio, não partilhados, são no máximo vivenciados na solitária individualidade.
Kahr explica ao mundo que essas fantasias entranhadas na mente humana não têm nada haver com o que somos na realidade. Mostra que o lúdico ambiente das fantasias sexuais pode transformar um pacato cidadão em um violentador sexual, ou mesmo um homem hetero-afetivo vivenciar uma fantasia sexual homo-afetiva sem com isso possuir uma tendência homo-afetiva (homossexual).
No livro sexo e psique encontramos além de inúmeros relatos de fantasias sexuais, um grande número de perguntas aos pesquisados, como no livro da famosa sexóloga Shere Hite "Relatório Hite" de 1976. Segundo Brett Kahr, homens e mulheres fantasiam igualmente, e a impressão generalizada de que há fantasias genuinamente masculinas ou femininas não se confirmou em seu trabalho de pesquisa. A sexóloga Regina Navarro lins entende que "a impossibilidade engrandece a fantasia". Há quem considere fantasia aquilo que não pode passar do desejo. Outors correm atrás da realização. Ela complementa em suas pesquisas pela internet que a fantasia do momento é o sexo a três (ménage à trois).
E eu deixo aqui nesse fórum algumas perguntas para que vocês respondam:

1- As fantasias sexuais devem ser compartilhadas?
2- Seria recomendável encenar ou realizá-las

fonte "Revista Época nº581"