quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

Histerectomia e prazer sexual

Frequentemente recebo perguntas sobre "Histerectomia e Prazer Sexual", já falamos sobre esse tema aqui no blog, mas de qualquer maneira, entendendo a importância do assunto, mais uma vez vamos falar sobre o tema:

1- A histerectomia (retirada do útero) compromete o prazer sexual - MITO - A histerectomia não compromete a saúde sexual; pesquisas indicam que mulheres histerectomizadas referem uma melhora significativa do prazer sexual.
2- A histerectomia compromete o "orgasmo" das mulheres - MITO - A retirada do útero não compromete o orgasmo, nem das mulheres, nem dos homens, diga-se de passagem.
3- A histerectomia faz a mulher se tornar "oca", menos mulher - MITO - Oca é a cabeça de quem inventou isso. 
A saúde sexual nada tem a ver com a presença do útero, muito pelo contrário, as mulheres quando histerectomizadas referem maior segurança numa relação sexual devido a diversos fatores, como: a não preocupação com gravidez, a ausência de sangramento durante a relação sexual - fato muito comum antes da cirurgia, quando o útero está doente, a ausência da dor na relação sexual, a resignificação do ato sexual em um ato de prazer, etc.

Dessa maneira, caso exista uma indicação de histerectomia no seu prontuário ginecológico, não se preocupe com a sua saúde sexual, converse com o seu ginecologista e esclareça suas dúvidas.


sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

Sentimento

Às vezes é difícil acreditar que o ser humano não é realmente muito cruel,
Sua perversidade habita com um disfarce delicadamente sutil sua essência,
Mas está sempre atenta e presente, pronta para se revelar,

Às vezes é difícil não reconhecer sua iniqüidade e arrogância característica,
Sua voraz ganância o faz predador de tudo e de todos,
Não reconhece mais nada nem os de sua corja,

Às vezes se faz necessário matar,
É inevitável esse desejo descabido e indolente,
Salta aos olhos o que não se domestica e vaza contaminando tudo por onde passa,

Às vezes é preciso ser indiferente,
Deixar transbordar sem querer o controle,
O tempo se encarrega das transformações,

Archi, 2011

Nem Sei

Às vezes fico triste porque sei que nunca vou conseguir ler todos os meus livros,
 ouvir todos os meus discos,
conhecer todos os lugares que sempre quis,
 beber todos os vinhos que ganhei,
Às vezes acho que uma vida só não basta,
tinha que viver muitas outras vidas,
numa seqüência definida,
 pra que eu pudesse completar o que restou,
Às vezes fico de saco cheio de tudo e de todos,
 mas seria muito solitário sem ninguém,
talvez alguns pudessem ficar,
mas se eu pudesse escolher acabaria confuso,
achando que fui econômico ou demasiado,
nem sei...

Archi, 2011

sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

XIII Congresso Brasileiro de Sexualidade Humana



Como o assunto "Sexualidade" ainda é falado e discutido em voz baixa e em confrarias e, ainda existem muitas resistências e outros tantos atropelos na ignorância, resolvi chamar a atenção de todos e revelar que o assunto é SÉRIO. Cada vez mais estamos percebendo o quanto o assunto é sério e faz parte da nossa realidade social. 

O tema do nosso Congresso Brasileiro nos mostra a importância cada vez maior de se discutir amplamente os temas ligados à sexualidade humana e suas interações cotidianas com a sociedade, as políticas públicas, a educação, a família, o biológico, o emocional e a saúde como um todo.

A Evolução Sexual Feminina

      Os estudos da evolução da espécie humana demonstram de forma esmagadora que as mulheres evoluíram de uma diversidade de estratégias sexuais, todas com o objetivo de obter "o melhor"  esperma com base em sua posição dentro da tribo. Os homens sempre estiveram como protagonistas em situações onde a "promiscuidade" fosse a base da relação afetiva, o entendimento sempre foi baseado na dicotomia "mulher - romantismo e homem - promiscuidade", o que na verdade vem se mostrando uma grande falácia através de estudos atuais sobre a evolução sexual.
      
           Cada vez mais, somamos indícios de que a mulher sempre foi adaptada em seu habitat natural (tribos, grupos, etc) a constituir vários parceiros sexuais em uma mesma incursão sexual. O sexo com múltiplos parceiros estaria relacionado a um ganho na seleção genética de sua prole, o que explicaria várias atitudes ainda hoje encontradas na conduta sexual de homens e mulheres do séc. XXI, como por exemplo:

- A masturbação é mais comum no sexo masculino, o que explicaria na teoria da evolução sexual, a prática sexual onde vários homens permaneceriam se masturbando em grupo a espera de sua vez com a parceira.

- As mulheres podem ter orgasmos múltiplos (ao contrário dos homens). Isto sugere que as mulheres evoluíram para ter relações sexuais com uma série de homens em sucessão (o que pode explicar em parte o "gang bang" fantasia dos homens - muitos homens tendo relação sexual com uma única mulher). 

- A lubrificação da vagina ocorre somente no início da atividade sexual, o que, explicaria a ação do fluido seminal como lubrificante, para a manutenção da relação sexual.

- A forma do pênis faz com que ele atue como bomba de esperma. A única explicação é deslocar o esperma masculino dos outros parceiros - assim deve ter sido comum para a mulher ter o esperma dentro da vagina de uma variedade de homens.

- Os machos têm evoluído para assistir outros homens fazendo sexo com uma mulher, desencadeando uma carga erótica grande o suficiente para que possa estar devidamente excitado quando sua vez chegar.

- A forma anatômica da glande peniana sugere que atue como uma verdadeira bomba de esperma (atue retirando o esperma de outro parceiro do interior da vagina).

             As teorias sobre a evolução do comportamento sexual na espécie humana nos mostram um comportamento sexual que objetiva a perpetuação da espécie com a seleção genética mais apropriada. A conotação de prazer no ambiente da sexualidade humana percorre a mesma estrada já edificada através dos tempos, sem se divorciar do legado antropológico já construído.




quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

Mulheres Marcantes

A única perfeição é a alegria
Não ter amado é não ter vivido


Ouse, ouse... ouse tudo!!!
Não tenha necessidade de nada!
Não tente adequar sua vida a modelos,
nem queira você mesmo
ser um modelo para ninguém.
Acredite: a vida lhe dará poucos presentes.
Se você quer uma vida,
aprenda ... a roubá-la!
Ouse, ouse tudo!
Seja na vida o que você é,
aconteça o que acontecer.
Não defenda nenhum princípio,
mas algo de bem mais maravilhoso:
algo que está em nós e que queima
como o fogo da vida!
Quem pois, dominado por ti, poderá escapar,
Se sentiu teu grave olhar voltado para ele?
Eu não fugirei, se me apanhas
Jamais crerei que só fazes destruir!
Entretanto - tu também, mereces ser vivida!
Claro, não és um espectro da noite
Vens lembrar tua força ao espírito:
É o combate que engrandece os maiores,
O combate como derradeiro alvo, por caminhos
Por isso, se só podes me ofertar, ó dor,
Em lugar de felicidade e do prazer, a verdadeira grandeza,
Vem lutar comigo, num corpo a corpo,
Vem lutar comigo, na vida e na morte -
Mergulha no fundo do coração,
Mergulha no mais profundo da vida,
Leva para longe o sonho da felicidade e da ilusão
Leva para longe o que não merecia um infindo esforço.
Nunca triunfará verdadeiramente sobre o homem autêntico
Mesmo que ele te ofereça teu peito nu
Mesmo que se aniquilasse, desaparecesse na noite!
És apenas um pedestal para a grandeza do espírito!
No mais profundo de si mesmo, o nosso ser
rebela-se em absoluto contra todos os limites.
Os limites físicos são-nos tão insuportáveis quanto
os limites do que nos é psiquicamente possível:
não fazem verdadeiramente parte de nós.
Circunscrevem-nos mais estreitamente do que
desejaríamos.


Lou Andreas Salomé.


Fiz questão de postar novamente esses pensamentos da grande "Lou", pois entendo que coisas interessantes como essa devem ter sempre o seu espaço reservado em nossa memória. Psicanalista por consequência de todas as suas grandes experiências afetivas, livre e defensora do amor livre e incondicional, amplo e irrestrito, sem as amarras do casamento institucionalizado. 


Muitas vezes a defesa de que o "diálogo" se faz essencial ao entendimento, quando o assunto é o erotismo, desaba em uma desconstrução inevitável, que se justifica frente ao poder de entendimento dos "corpos"; que têm a sua própria linguagem e percepção. Está além das palavras, do conceitual, tem como cúmplice o inesperado, o liberto, o indomável, o que atua por conta própria, sem freios ou medidas, que habita o lúdico e se deleita sem temor. Os corpos falam usando sua linguagem própria, assim como as crianças se entendem e selecionam o seu grupo, sem travas, sem medos, sem grandes dificuldades, os corpos também o fazem. Deixemos os corpos falarem...



segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

Wild Things in Captivity

Um ser silvestre em cativeiro,
embora mantenha a pureza selvagem,
não procria, definha, morre.
Os homens estão todos no cativeiro
tocando a lida da vida
e os bons não procriam, mas não sabem por quê.
A grande jaula de nossa domesticidade
mata o sexo no homem, a simplicidade
do desejo é distorcida, desvirtuada.
Assim, com amarga perversidade,
nervosos com a adversidade,
os jovens copulam, acham ruim e querem chorar.
Sexo é um estado de graça.
Não pode ocorrer na jaula.
Então quebre a jaula e comece a tentar.

D. H. Lawrence