quinta-feira, 17 de dezembro de 2009

O RELACIONAMENTO CONJUGAL DE LONGA DURAÇÃO PODE DIMINUIR O DESEJO DAS MULHERES?

Os relacionamentos amorosos, na grande maioria das vezes, têm seu inicio marcado pela “paixão” intensa e arrebatadora, um sentimento de ampliação quase patológica do amor. Nesse período os apaixonados desejam a presença física do outro a qualquer custo, nasce uma necessidade involuntária de querer tocar, sentir, ouvir e o desejo sexual se torna amplificado e necessário para saciar a sede da paixão.

Essa eclosão bioquímica que acomete subitamente e com uma velocidade de crescimento quase que geométrica encontra como protagonista os neurotransmissores cerebrais “dopamina” e “noradrenalina”. Muitos autores indicam que a paixão promove alterações bioquímicas no cérebro semelhantes a dos portadores de “Transtorno Obsessivo-Compulsivo “, uma patologia psiquiátrica onde o indivíduo desenvolve pensamentos e idéias incontroláveis, repetitivas e persistentes, o que explicaria os pensamentos obsessivos da pessoa apaixonada.

Estamos em pleno século XXI, e mesmo assim, não somos detentores de respostas científicas e inquestionáveis sobre a questão da primariedade dos gêneros, mas as sociedades contemporâneas ainda assim entendem que a identificação primária masculina está no “ser viril” para conceitualizar o “ser homem”, o “ser sexualizado”. E quanto às mulheres, onde ficam nessa questão complexa da identificação primária de gênero? Mulher é sexuada? Mulher é erotizada?

Muitos autores entendem que a identificação das mulheres com o seu “eu erotizado” – ser fêmea, ser mulher sexuada - está ausente nas mulheres com relacionamentos conjugais de longa duração, o que explicaria a intensa diminuição de desejo sexual que acomete esse grupo de mulheres, ao longo de suas vidas. As observações mostram que no período da paixão, as mulheres conseguem vencer a repressão sexual a que são submetidas desde a infância e, assim, mesmo sem ter a identificação da mulher sexuada internalizada, se permitem ter mais facilmente desejo sexual.

Em 2000 Rosemary Basson descreveu um alternativo modelo da resposta sexual feminina e propôs que "a resposta sexual começava com neutralidade sexual e o desejo sexual era mais um evento responsivo do que um evento espontâneo". Seu modelo enfatiza que algumas ou muitas experiências sexuais começam de um estado não sexual da mente, especialmente em relacionamentos de longo prazo. Seria essa a resposta para o desinteresse sexual crescente das mulheres com o passar dos anos de relacionamento?

Em relacionamentos de longa data há muitos fatores diádicos (da relação do casal) que ajudam o desejo sexual a diminuir, como o desgaste da relação, a falta de sedução por parte do parceiro(a), as mudanças físicas e a perda da atratividade do parceiro(a), a falta de um ambiente favorável, a de estimulação física adequada, o parceiro(a) não ser mais compatível com a fantasia sexual (Kaplan, 1995).

As mulheres quando crianças se identificam muito mais com o papel de mães do que com o de mulher sexuada, oposto ao que acontece com os homens, que desde cedo aprendem que ser homem é ser viril ( é ser macho). Esse sentimento masculino da virilidade é reforçado pela família e, com a mesma intensidade, pela sociedade que o cerca. As mulheres, por sua vez, crescem escutando que sexo é pecado, sujeira, é uma coisa feia, repulsiva. Os pais frequentemente associam o sexo a doenças, gravidez indesejada, a desmoralização social, internalizam nas meninas uma expectativa familiar pesada demais para ser transgredida em nome do bem estar familiar e social.

O significado de ser mulher para a maioria das mulheres, ainda se restringe a ser boa mãe e ser uma competente profissional, e não a ser também uma mulher sexuada (mulher erotizada). Construir uma bela família, ter um marido trabalhador e honesto, bom pai e bom amigo e, que de quebra adote sua família de origem como seus dependentes em ordem, gênero e grau, ter muitos e belos filhos, cuidar da casa e de todos os afazeres domésticos, também faz parte desse papel social que lhe é imposto desde a tenra infância.

Talvez o nosso papel como profissionais da saúde seja o de trabalhar os adultos, para que percebam a sexualidade como algo maravilhoso e essencial para a felicidade humana, e dessa maneira, se habilitem a passar essa imagem positiva para suas filhas de maneira que possa existir nelas também a identificação com a mulher sexuada.

A Terapia Sexual pode beneficiar muitas mulheres através da reeducação sexual, que visa à informação e a permissão sexual, utilizando técnicas de terapia cognitivo-comportamental com um planejamento individualizado, breve e focal.

terça-feira, 17 de novembro de 2009

Como Agradar uma Mulher!!

CASAL EM CRISE - 2

CASAL EM CRISE II

O casamento continua sendo apesar de divergências seculares, uma instituição em alta no mundo ocidental contemporâneo. Milhões de homens e mulheres anualmente buscam no casamento um modelo para a construção de um relacionamento afetivo seguro e duradouro. Os relacionamentos compõem os laços afetivos e são muito importantes e saudáveis para a vida das pessoas. Mas conviver com os outros e compartilhar a vida com alguém de forma harmônica se torna um desafio cada vez mais difícil para muitos.

Sexo é bom. Mas no casamento nem sempre. E cada vez menos. Esse fenômeno parece estar mais freqüente a cada dia na vida dos casados do nosso século. A vida sexual dos casados enfrenta uma crise anônima, sem uma lógica aparente. Homens e mulheres que se amam cada vez menos usam suas camas para um “encontro sexual”. A freqüência e a qualidade do sexo vêm diminuindo ano após ano na vida dos casais, afirma a psiquiatra Carmita Abdo, autora do recém-lançado Descobrimento sexual do Brasil (Summus Editorial), um amplo panorama do que o brasileiro faz na cama e fora dela.

“Não temos dados concretos sobre isso, mas no dia-a-dia verificamos com facilidade que o sexo no casamento anda em crise”, diz ela, com a experiência de quem comanda o primeiro ambulatório especializado no tratamento de questões relacionadas ao sexo no Brasil, o Projeto sexualidade (Prosex) do Hospital das Clínicas de São Paulo.

Psicanalista e sexóloga, a carioca Regina Navarro Lins lançou um livro intitulado justamente O sexo no casamento (Bestseller), em parceria com o marido, Flávio Braga. Para ela, a grande fonte para o marasmo da vida sexual em casa está no principal pilar sobre o qual as relações se estruturam no Ocidente: a fidelidade. “O compromisso de exclusividade de um com o outro destrói a relação. Sem o risco de que o parceiro se envolva com outra pessoa, o exercício de sedução constante acaba. Os parceiros ficam dependentes um do outro, mas desinteressantes”, diz ela. “O casamento, no fim das contas, é a situação onde menos se faz sexo no mundo”, diz. “Claro que há exceções, pessoas que estão casadas há 30 anos e conseguem manter o tesão. Mas essa não é a regra”, continua, reforçando que a monogamia leva, quase sempre, à monotonia.

E o problema não estaria simples e puramente no compromisso de exclusividade, mas também na forma como a fidelidade é exercida. “Tudo é junto. Os amigos são os mesmos, as atividades são as mesmas, o lazer é compartilhado, isso satura e acaba transformando a relação numa grande amizade”, diz. “O marido vira o melhor amigo, o melhor pai, o melhor tudo. Mas não dá tesão”, ilustra.

Nesse panorama não muito promissor, os casais modernos ainda enfrentam um outro problema, o acentuado declínio da satisfação feminina que vêm surpreendentemente crescendo nas últimas três décadas, segundo pesquisadores da Universidade da Pensilvânia. A insatisfação subjetiva atinge mulheres casadas e solteiras, com ou sem filhos, bem ou mal empregadas, brancas ou negras, pobres e ricas, segundo artigo da Revista Época (outubro/09) intitulado: Por que elas são tão tristes?

Criatividade na cama não é palavra bem-vinda para alguns especialistas. “Há quem diga que o negócio é ser criativo. Dizer isso é até uma maldade. Não adianta querer inventar quando não há tesão. Sem libido, não dá para ser criativo. É ela que gera criatividade nas relações. Definitivamente, não adianta espelho no teto sem tesão”. O que fazer para aumentar a temperatura na cama dos casais? As livrarias estão abarrotadas de títulos que prometem revelar de forma quase matemática como se obter o sucesso na vida sexual, como alcançar uma vida conjugal satisfatória com muito sexo e prazer. Transformam as relações intrapessoais em conglomerados de receitas prontas e dicas de como ser feliz na cama.

Hoje vivemos um momento de muitos questionamentos e respostas, o modelo de família que eu conheci se encontra internado na UTI, entubado, em coma induzido, sucumbindo dia após dia, com poucas chances de alta, nasce um novo modelo de família; “diferente”, tanto na sua estrutura quanto na sua dinâmica e, “diferente” é desigual, mudado, variado, mas nem sempre é pior, às vezes diferente pode ser melhor. Quem se arrisca a responder?

sábado, 11 de julho de 2009

DISFUNÇÃO SEXUAL DA MULHER NA MENOPAUSA

A longevidade é um aspecto novo na vida das mulheres do nosso século. Hoje em dia vivenciamos uma sociedade onde as mulheres, por conta de vários avanços sociais, tecnológicos e no campo da medicina, alcançam à maturidade numa desenfreada corrida ao resgate da juventude. Constroem uma plástica estético-corporal e um estilo de vida social sempre muito comprometido com o sentimento de “se parecer jovem”, o que muitas das vezes não corresponde ao sentimento de “se estar saudável”.

O período biológico do envelhecimento da mulher vem sendo constantemente ludibriado com todos esses avanços do séc. XXI, mesmo assim, muitas mulheres, ainda nos procuram com queixas referentes a esse momento de suas vidas, que estão marcados pela perda de algumas funções no campo da sexualidade.

A menopausa é o período de modificações anatômicas e fisiológicas decorrentes da falência ovariana. À medida que os anos passam, ocorrem alterações orgânicas no corpo da mulher, pois o ovário produz menos hormônios femininos e masculinos. Assim ocorre a cessação das regras e o inicio dos “fogachos” (as ondas de calor), muitas mulheres também se queixam de dores de cabeça, insônia, depressão, agressividade, intolerância, tontura, palpitações, fadiga excessiva, perda da agilidade, flacidez muscular, secura vaginal, infecções urinárias freqüentes, desinteresse sexual (falta de desejo sexual), dificuldade de atingir o orgasmo, falta de fantasias sexuais (cada vez mais pensam menos em uma atividade sexual), dor e ardência nas relações sexuais.

Na maioria das vezes, o ambiente social reforça cada vez mais a idéia de que já é ora de abandonar a vaidade, de reprimir os desejos e de dar por encerrada a vida sexual. A conseqüência para muitas mulheres é a sensação de vazio, de perda e de depressão. A família é a grande fomentadora dessa crítica, na maioria dos casos, censurando o desejo sexual e reprimindo uma vida sexual ativa e prazerosa, para essas mulheres.

Ainda convivemos com o clichê sócio-familiar, de que sexo é feio e repugnante para mulheres na menopausa, os que muitas vezes, faz com que se sintam ridículas, indecentes, depravadas, envergonhadas e culpadas.

Todos os estudos e pesquisas sobre a sexualidade humana (Kinsey, Máster e Jonhson) revelam que para as pessoas relativamente saudáveis não existe limite de idade para o exercício da sexualidade. Um aspecto fundamental para uma vivência prazerosa do sexo no avançar da idade é a manutenção da regularidade da vida sexual. Quanto mais se faz sexo, mais se quer fazer sexo.

Um aspecto fundamental para uma vivência prazerosa do sexo no avançar da idade á a manutenção da regularidade da vida sexual. Considera-se abstinência sexual prejudicial à manutenção da tonicidade, da elasticidade, da lubrificação vaginal e do interesse pelo sexo. Além do ato sexual, a vida sexual acentua outros ingredientes como afago, prazer de ser tocado e acariciado, afeto, ternura, intimidade, companheirismo, lealdade etc.

O que se pode fazer para ajudar as mulheres no climatério que se queixam frequentemente de terem conseguido um corpo jovem e conservado, mas que sexualmente funcionam mal? O que podemos oferecer a essas mulheres que hoje têm uma boa qualidade de vida, uma boa performance social, profissional e familiar, mas que pouco a pouco se perdem na escuridão do afastamento do desejo sexual? Certamente as academias, os nutrólogos, os dermatologistas, os fisiatras, os cardiologistas e até mesmo os cirurgiões plásticos não podem oferecer mais do que uma boa plástica estrutural.

O que propor a essas mulheres que estão jovens na aparência física, que usam a grife da moda, mas que estão cada vez mais afastadas de seus parceiros para o exercício da sexualidade prazerosa?

A Terapia Sexual tem papel fundamental na condução de mulheres que se encontram nesse período de suas vidas, onde o “afastamento sexual” é sem dúvida nenhuma, um dos grandes vilões desse complexo período de transformações. A Terapia do Sexo tem como objetivo melhorar a auto-estima da mulher, ressaltando que a menopausa e o envelhecimento são novas fases da vida, que os conhecimentos adquiridos durante a vida são pontos positivos e que ainda há muito para se aprender com essa nova fase. A resignificação da vida sexual da mulher madura, através da Terapia do Sexo possibilita uma nova leitura dos seus potenciais enquanto mulher erótica e experiente. Ampliar seus limites de possibilidades na sua busca além do prazer sexual pode, para essas mulheres, representar uma revitalização da sua vida afetivo-sexual.

Novos estudos no campo da psiconeuroendocrinologia vêm esclarecendo inúmeras questões sobre a possibilidade do uso da TRH (Terapia de Reposição Hormonal) nas “disfunções sexuais da mulher no período do climatério”, através do uso combinado ou não de “estrogênio terapia e androgênio terapia” (estrogênio e testosterona). Os benefícios da Terapia Hormonal sobre a sexualidade feminina são evidentes e atuam melhorando o desejo sexual (a libido), a secura, a irritação, o ardor e a atrofia vaginal, o prurido vulvovaginal, as alterações urogenitais (dor na urina, hábito noturno de urinar, cistites e uretrites de repetição), a dor na relação sexual, sangramento e pressão pélvica pós-coito, em suma, ocorrem inúmeras modificações positivas não só a nível sexual, como também na economia psicoemocional e física da mulher com ganhos efetivos no equilíbrio da emoção, do sono, fortalecimento da massa muscular, os pelos tornam-se mais resistentes e restabelecem seu crescimento, a pele torna-se menos ressecada e cessam-se as ondas de calor e etc.

O estado da menopausa feminina não age uniformemente sobre as mulheres, nem tampouco sobre sua sexualidade. Sabemos que muitas mulheres na faixa dos 50 a 70 anos mantêm sua capacidade sexual ativa e, muitas vezes percebem um aumento do interesse em vivenciar o prazer sexual. Segundo a pesquisadora Helen Kaplan a grande maioria das queixas sexuais das mulheres idosas é um produto das reações psicológicas adversas do casal às mudanças biológicas normais, na resposta sexual, relacionadas com a idade. A pré-concepção de que o envelhecimento biológico que transforma o corpo físico feminino em um corpo “menos atrativo” ou “menos erótico”, faz parte das construções sócio-culturais do nosso meio, que privilegiam o culto à juventude.

Esse processo de contaminação sócio-cultural potencializa as determinantes psicológicas das disfunções sexuais na mulher, incentivando conflitos intrapsíquicos (seria o desejo de satisfazer o sexo e o medo inconsciente de fazê-lo) que se contrapõem ao instinto puro do desejo de prazer sexual.

Acredito que uma abordagem adequada frente a um quadro de disfunção sexual na mulher na pós-menopausa, consistiria em através de suas queixas psicológicas e do ambiente afetivo-sexual, individualizar sua carga emocional e, através da Terapia do Sexo ampliar suas possibilidades para uma nova leitura de uma vida sexual prazerosa.

Momento de Reflexão

“No mistério do amor, quando um procura o outro, por trás do outro ele encontra a si mesmo”.

LIVRO "SEXO E PSIQUE" DE BRETT KAHR

A revista Época dessa semana, traz uma matéria, onde anuncia a chegada do livro de um psicanalísta inglês "Brett Kahr", que durante cinco anos pesquisou nas ruas de Londres sobre "As Fantasias Sexuais". Os dados foram coletados em seu próprio consultório, nas ruas e na internet. O livro que será lançado no Brasil no final de julho com o título "sexo e psique" pela editora Best-Seller traz mil relatos de homens e mulheres sobre suas fantasias sexuais. O que antes parecia "inconfessável" publicamente, no livro encontra como aliado o anonimato, ressaltando relatos de incestos, perversões, ménage à trois, devaneios sexuais que na maioria das vezes ficam sempre protegidos do conhecimento alheio, não partilhados, são no máximo vivenciados na solitária individualidade.
Kahr explica ao mundo que essas fantasias entranhadas na mente humana não têm nada haver com o que somos na realidade. Mostra que o lúdico ambiente das fantasias sexuais pode transformar um pacato cidadão em um violentador sexual, ou mesmo um homem hetero-afetivo vivenciar uma fantasia sexual homo-afetiva sem com isso possuir uma tendência homo-afetiva (homossexual).
No livro sexo e psique encontramos além de inúmeros relatos de fantasias sexuais, um grande número de perguntas aos pesquisados, como no livro da famosa sexóloga Shere Hite "Relatório Hite" de 1976. Segundo Brett Kahr, homens e mulheres fantasiam igualmente, e a impressão generalizada de que há fantasias genuinamente masculinas ou femininas não se confirmou em seu trabalho de pesquisa. A sexóloga Regina Navarro lins entende que "a impossibilidade engrandece a fantasia". Há quem considere fantasia aquilo que não pode passar do desejo. Outors correm atrás da realização. Ela complementa em suas pesquisas pela internet que a fantasia do momento é o sexo a três (ménage à trois).
E eu deixo aqui nesse fórum algumas perguntas para que vocês respondam:

1- As fantasias sexuais devem ser compartilhadas?
2- Seria recomendável encenar ou realizá-las

fonte "Revista Época nº581"